Por Bnamericas
A atual dinâmica do mercado brasileiro de banda larga de fibra deve levar, em breve, à consolidação de provedores de serviços de internet (ISPs) de médio e grande porte.
A opinião é de Felipe Matsunaga (foto), CFO da maior entre os ISPs do país, a Alloha Fibra, controlada pela gestora de investimentos local EB Capital.
Quando o processo começar, a empresa pretende estar entre os que o alimentam. “Nesse mercado somos compradores, não vendedores”, disse o executivo à BNamericas.
Rumores do mercado indicam que a EB Capital poderia abandonar seu investimento na Alloha, mas Matsunaga, que é sócio da EB, nega.
“A Alloha é um investimento de longo prazo da EB e nossa mensagem é uma só: vamos consolidar o mercado.”
Por meio de suas diferentes marcas de ISPs, a Alloha encerrou abril com mais de 1,5 milhão de clientes, comandando 4,2% do mercado de banda larga fixa.
É a maior provedora de banda larga do país, excluindo as telcos Telefônica e Oi, que possuem participações de mercado de 18,6% e 14,3%, respectivamente. A empresa está à frente da rival Brisanet (1,2 milhão de clientes) e de outros grandes ISPs, como Desktop, Vero e Unifique.
Os números de maio ainda não foram divulgados, mas Matsunaga ressaltou que a Alloha teve um “bom ritmo” de casas passadas e adições líquidas naquele mês, embora com “um pequeno problema de churn”.
Em 2022, apesar da desaceleração geral do mercado, a Alloha foi a provedora de banda larga fixa que mais cresceu – contando, inclusive, as telcos –, com mais de 260.000 adições líquidas.
INVESTIMENTOS
No final do ano passado, a Alloha anunciou que investiria mais de R$ 800 milhões este ano em suas operações.
O plano de capex se manteve, mas “bloqueamos algumas coisas que não tiveram o retorno que procurávamos”, contou.
Por enquanto, o foco está em converter residências que já contam com fibra em clientes, em vez de passar fibra em novas residências ou entrar em novas cidades.
Segundo Matsunaga, uma empresa leva em média seis meses para obter o retorno do investimento após levar fibra para uma nova localidade. Também está cada vez mais difícil encontrar cidades onde não haja pelo menos um ISP operando.
O capex projetado para 2023 exclui possíveis aquisições.
Após várias aquisições de ISPs menores em 2020 e especialmente em 2021, a Alloha freou no ano passado e não fez nenhum acordo este ano, enquanto outros ISPs registraram fusões e aquisições.
“Começamos a fazer compras antes dos outros”, disse Matsunaga. “Continuamos olhando o mercado, mas com muito mais cautela e estratégia”.
“Uma empresa intensiva em capital em um cenário de juros altos precisa reavaliar sua estratégia”, acrescentou.
O cenário atual baixou os valuations dos ISPs, o que significa que os ativos passaram a ser mais baratos para empresas que se posicionam como compradoras, como a Alloha.
Além das altas taxas de juros, o mercado de ISPs tem enfrentado um grande número de players, uma desaceleração nas adições líquidas devido à concorrência acirrada e altos custos de passagem de fibra e conexão de clientes.
Apesar disso, Matsunaga acredita que há espaço para o mercado testar preços mais altos nos planos de fibra em algumas cidades.
Quanto à expansão da fibra, a Alloha não tem nenhum plano atual de recorrer ao uso de um provedor de fibra neutra. A empresa conversou com alguns players neutros, mas mudar de capex para opex (alugar uma rede já construída) ainda não faz sentido, financeiramente, para a Alloha, apontou Matsunaga.
Fonte: https://www.bnamericas.com/pt/noticias/alloha-fibra-neste-mercado-somos-compradores-nao-vendedores