Por Circe Bonatelli
Brasília, 14/09/2022 – A Alloha, holding de provedores de banda larga da gestora EB Capital, planeja retomar as aquisições de concorrentes a partir do próximo ano, contou o diretor-presidente, Alexandre Moshe.
A companhia engloba os provedores Sumicity, Mob Telecom, Vip Telecom, Wirelink, Univox, Click Telecom, Ligue Telecom e Niu Fibra – que foram comprados ao longo dos últimos três anos, após investimentos de R$ 1,5 bilhão. A última aquisição aconteceu no fim de 2021.
Já o ano de 2022 está sendo inteiramente dedicado à integração das empresas, extração de sinergias e crescimento orgânico, com investimentos de mais R$ 750 milhões. A partir de 2023, a Alloha planeja voltar às compras, com aportes que dependerão do tamanho das oportunidades. O dinheiro virá do caixa, tomada de dívida e aporte de capital do sócio.
“Isso vai depender das oportunidades de aquisições”, ponderou Moshe. “Mas olhando para o futuro com certeza vamos voltar a colocar muita energia para sermos um player cada vez mais relevante no setor”, disse Moshe, que conversou com a reportagem durante o 2º Simpósio de Telecomunicações, organizado pela Telcomp, em Brasília.
Hoje, a Alloha tem mais de 80 mil quilômetros de rede de fibra ótica e 1,3 milhão de assinantes de banda larga de alta velocidade – o que a coloca como a terceira maior operadora de fibra ótica, atrás apenas de Oi e Vivo – e outros 3,7 mil clientes empresariais, no ramo de provedores. A companhia atua em 260 cidades nas regiões Sudeste, Nordeste, Sul e Centro-Oeste.
Segundo o executivo, o ganho de escala é essencial para o grupo, como forma de compensar os investimentos pesados na expansão das redes de fibra ótica e a dificuldade de subir os preços dos pacotes de banda larga em um ambiente cada vez mais competitivo. “A diferenciação da companhia se dá realmente pela qualidade da rede e do atendimento. É isso que aumenta a fidelização dos clientes e abre espaço para oferta de mais serviços”, explicou.
Nesse contexto, a estratégia envolve também a diversificação de ofertas, aproveitando a grande base de assinantes para comercializar os serviços de valor agregado (SVA), mais rentáveis. Entram aí, por exemplo, streaming de vídeo, telemedicina e outras parcerias que estão sendo construídas pela Alloha.
“A partir do momento em que temos uma grande base de clientes, viramos um marketplace”, afirma Moshe, que chegou à companhia um ano atrás, depois de passar por Decolar (onde foi o diretor-geral), Livelo e Telefônica.
A Alloha projeta receita líquida de R$ 1,4 bilhão em 2022, o equivalente a um crescimento de aproximadamente 25% na comparação com 2021. No primeiro semestre deste ano, o faturamento atingiu R$ 670 milhões. O ganho de escala e as sinergias na integração das empresas têm ajudado a engrossar a margem do lucro operacional, que começou o ano em 30% e deve fechar na faixa de 35% a 40%, estimou.
Paralelamente ao plano de aquisições, a gestora EB Capital está procurando um sócio para a Alloha. A holding foi segregada em duas empresas: uma para a infraestrutura das redes (Infraco) e que terá como principal negócio alugar a fibra ótica para os provedores. A outra empresa atua na prestação do serviço de banda larga para o consumidor final (Clientco).
Entre as interessadas no negócio estão American Tower Fibrasil (da Telefônica e CDPQ), V.tal (BTG Pactual e Oi), I-Systems (TIM e IHS Towers) e Claro, além de operadores e fundos nacionais e estrangeiros. O dinheiro da venda de participação no negócio ajudaria a reforçar o caixa para aquisições de provedores pela companhia.