Alloha! Pedro Parente traz novo CEO para o negócio de fibra da eB Capital

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Alexandre Moshe, que comandava a Decolar no Brasil e já passou por Vivo e Multiplus, assume da provedora independente de fibra óptica; Parente fica como chairman

Aloha, uma saudação típica do Havaí, resume um estado de espírito da ilha do Oceano Pacífico, como uma forma de compartilhar boas energias e fazer conexões. A sugestiva palavra é também a apresentação da nova fase do negócio de fibra óptica da eB Capital, a gestora de private equity criada por Eduardo Sirotsky Melzer, Pedro Parente, Luciana Ribeiro e Fernando Iunes — na marca, ganhou um L duplo, como já usava uma de suas adquiridas no litoral paulista.

Depois liderar um investimento de R$ 2 bilhões para fazer aquisições e construir uma rede de fibra óptica que rivaliza em tamanho com a Claro e só perde para Oi e Vivo, Pedro Parente está passando o bastão de CEO da Alloha Fibra, o novo nome da holding de banda larga eb Fibra.

O chairman da BRF e ex-presidente da Petrobras seguirá à frente do conselho da Alloha, mas o dia a dia agora é uma missão para Alexandre Moshe, executivo comandou a Decolar no Brasil até agosto e que já teve passagens por companhias como Vivo, Multiplus e Livelo.

Num mercado que viu uma enxurrada de provedores regionais de internet indo para a bolsa — Brisanet, Unifique e Desktop fizeram IPO —, a eB Capital se diferencia com uma rede de fibra óptica de 104 mil quilômetros, numa extensão que passa por praticamente todos os estados da costa brasileira, do Pará ao Paraná (a Alloha ainda quer chegar a Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

“Somos a única provedora independente com abrangência nacional”, disse Parente ao Pipeline. Capitalizadas, Brisanet, Unifique e Desktop estão em expansão, mas têm um perfil marcadamente regional — a primeira é mais forte no Nordeste, enquanto a segunda é basicamente catarinense e a terceira, paulista.

A base de clientes da Alloha também a coloca à frente das provedoras regionais. Com 850 mil assinantes, deve fechar o ano com 1,1 milhão de clientes e um faturamento proforma de R$ 1 bilhão. A rede da companhia passa na frente de 5 milhões de residências, o que dá uma medida do potencial a ser explorado pela provedora controlada pela eB Capital.

Para se ter uma referência, a Brisanet é a maior provedora entre as listadas na B3, com 772,9 mil clientes de banda larga e uma rede que passa por 3,4 milhões de domicílios. O grupo cearense vale R$ 4,8 bilhões em bolsa (se negociasse pelos mesmos múltiplos por cliente, a Alloha valeria R$ 5,2 bilhões).

Sob o comando de Moshe, a Alloha quer dar sequência ao processo de consolidação liderado por Parente, que já reuniu sete aquisições — a Sumicity, no Rio, Mob Telecom e Wirelink, no Ceará, Univox e Click Telecom, em Minas, a paulista Vip Telecom e a paranaense Ligue Telecom.

Novas aquisições seguem no radar, mas o crescimento da Alloha também terá um importante componente orgânico. “É um projeto de crescimento orgânico proporcionado pelo inorgânico. Ao avaliar uma empresa, olhamos a rede dela para ver a capacidade de crescimento”, diz Moshe. Um exemplo disso é a Sumicity, aquisição que marcou a entrada da eB Capital no negócio de fibra óptica — ainda em 2018. A base de clientes da companhia do Rio saltou de 40 mil clientes para 160 mil assinantes.

Ao construir um negócio com abrangência nacional, a Alloha ganhou capacidade de alavancagem, algo que as sete marcas não teriam isoladamente. “De forma conjunta, conseguimos alavancar a empresa muito mais do ponto de vista financeiro”, ressalta Parente, lembrando que operar uma companhia apenas com recursos próprios não é a melhor estrutura de capital.

Na compra de equipamentos para a rede de fibra óptica, era comum que as empresas se financiassem com a distribuidoras, que cobram uma taxa de juros de 15% ao ano. Com a escala atingida pela holding, é possível comprar diretamente dos fabricantes e tomar crédito no sistema bancário por metade do custo, conta Parente. Na relação com o cliente final, porém, as diferentes marcas da Alloha mantêm autonomia comercial, com políticas de preços que variam por região.

Financiar aquisições com dívidas também pode ser um caminho para aproveitar a capacidade de alavancagem do grupo combinado, mas o chairman da Alloha adverte que a capitalização dos provedores regionais listados encareceu o mercado, o que pode tornar a expansão orgânica mais vantajosa.

A chegada à bolsa também está nos planos, ainda que não num horizonte imediato. “Queremos estar preparados, mas não temos decisão tomada. O mercado está experimentando essas empresas listadas, mas elas não representam o que é a Alloha porque temos um projeto de abrangência nacional”, insiste Parente.

Desde o IPO, apenas a Desktop teve desempenho positivo, com alta de 4,8%. Unifique e Brisanet caíram 19,5% e 25%, respectivamente.

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